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SUGESTÃO DE LIVRO: BIG TECH: a ascensão dos dados e a morte da política Evgene Morozov

 


No livro "Big Tech", Evgene Morozov discute criticamente os modelos de negócios tecnológicos baseados na dataficação e algoritmos. O autor consegue articular reflexões tecnológicas a partir do debate sobre geopolítica e neoliberalismo. São justamente essas duas chaves conceituais que explicam como o objetivo, a arquitetura e modo de funcionamento das "big tech" são uma expressão de modelos empresariais desregulados que se apresentam como "infraestrutura" - algo comum e essencial a todos que circulam no ambiente digital, mas cujo o acúmulo de dados coletados do público usuário é apropriado para propósitos privados. Esse "novo petróleo" tem sido extraído quase que gratuitamente da sociedade em suas interações" no ambiente digital:

Eis algumas citações que mostram a importância da leitura deste livro:

 "... Não surpreende o surgimento de um nicho de consultorias digitais e de gurus tecnológicos, os quais insistem na ideia de que uma sociedade detentora de tantos dados vai acabar solucionando todas as contradições que o sistema capitalista global não consegue resolver por conta própria: ao nos proporcionar trabalhos flexíveis e bem remunerados; ao punir os participantes deletérios do mercado por meio de mecanismos de autocorreção instantâneos; ao introduzir eficiência e sustentabilidade onde antes não havia – e tudo isso graças a aparatos inteligentes. 

Todas essas previsões podem ter seu fundo de verdade, mas certamente essa não é a única lição a extrair da comparação entre dados e petróleo. Cabe lembrar que a história do petróleo no século xx também se caracteriza pela violência, por pressões corporativas, guerras incessantes e desnecessárias, derrubada de regimes democráticos na expectativa de assegurar o controle de recursos estratégicos, aumento da poluição e alterações climáticas. Se os dados são o petróleo do século xxi, quem vai ser o Saddam Hussein deste século?..." p. 8

 

A tese deste livro é simples: hoje, toda discussão de tecnologia implica sancionar, muitas vezes involuntariamente, alguns dos aspectos mais perversos da ideologia neoliberal. Pior ainda, pouco importa o lado que se escolha, visto que quase todas as críticas do Vale do Silício também estão alinhadas com o neoliberalismo. ...

Não é que as promessas do Vale do Silício sejam falsas ou enganosas – ainda que muitas vezes isso ocorra –, mas elas só podem ser entendidas, por exemplo, através do prisma da dissolução do Estado do bem-estar social e da sua substituição por alternativas mais enxutas, rápidas e cibernéticas, ou através do prisma do papel que a livre circulação de dados está destinada a desempenhar sob um regime de comércio global totalmente desregulado... p. 23

 


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